Despeço-me desses raios de sol
Tem dias que fico sem palavras para expressar o quão a natureza é bela. Sinto-me privilegiada de poder olhar com estes olhos ainda curiosos pelo mistério das coisas. A lua alta e cheia se exibe no céu azul-marinho do entardecer do outono que começa. E silhuetas de árvores trazem um tom sombrio que dá vontade de mergulhar noite adentro e desbravar os segredos dos sons e das dimensões escondidos por trás das sombras. A luz da lua é dourada hoje e ela inaugura mais uma estação. Despeço-me desses raios de sol dando adeus a mais um verão. Pela noite, ainda quente, sopra um vento frio esparramando poeira das estrelas que ainda viajam anos-luz pelo espaço mesmo depois de tantos milênios de explosão. Sinto dentro de mim folhas caindo. Uma parte de mim uiva enquanto a outra, humana, tenta se desapegar das folhas já velhas e ressequidas. É tempo de deixar ir. Sinto-me ao meio de uma travessia, que poderia ser o início, também poderia ser o fim, e pelo que trago quero apenas sentir gratidã