Se eu não fosse poeta
se eu não
fosse poeta
te diria
o que é a
tua presença
o que é a
tua ausência
o que é
minha vida
cheia de
presenças
e de
ausências
se eu não
fosse poeta
você
saberia
quando teu
olhar me aperta
tudo que
silencio
por não
saber ser simples
como uma
gata no cio
se eu não
fosse poeta
não teria
essa
estranha sensibilidade
que me
impele
de ver
tudo claro
que me faz
amar o raro
de toda
impossibilidade
se eu não
fosse poeta
poderia
me
desfazer
de tanta
lucidez
e ficar
louca
ao menos
uma vez
se eu não
fosse poeta
tudo seria
apenas um
desejo
morto tão
jovem
no
primeiro beijo
ainda
criança
ainda tão
pequeno
ainda sem
medo
se eu não
fosse poeta
você
entraria em mim
para ficar
solto
em algum
lugar
da
lembrança
em vez
disso
nada digo
e você
fica preso
dentro do
meu verso
Alice Ruiz
– no livro “Dois em um”
Então, se
eu não fosse poeta, que ruim seria! Porque falo besteiras, porque me apavoro,
me desespero, me enterro e quero ressuscitar! Livro de poesia é para se abrir
do nada, numa página qualquer e ler; simplesmente ler e deixar-se ser lido. A
poesia, além de bela, é altamente, totalmente denunciadora, desafiadora!!
a-há! Eu
sempre escutei e falei e: poxa vida, provei; a palavra tem um poder incrível de
concretizar-se ou de mostrar, realmente, aquilo que lá no fundo desejamos ou
sentimos. Por isso: repita aquilo que você quer; então, cuidado com o que vai
repetir e: vai viver a tua palavra. A palavra tem o poder incrível de fazer
viver aquilo que nosso coração deseja, não é trapaça nem invenção. A palavra é
poderosa. A poesia é extremamente poderosa.
Nossa
autora de hoje é poeta
e haikaista, Alice Ruiz nasceu em Curitiba, PR, em 22 de janeiro de 1946.
Começou a escrever contos com 9 anos de idade, e versos aos 16. Aos 26 anos
publicou pela primeira vez seus poemas em revistas e jornais culturais. Lançou
seu primeiro livro aos 34 anos.
Alice
publicou, até agora, 21 livros, entre poesia, traduções e uma história
infantil.Compõe letras desde os 26 anos - tem diversas canções gravadas por parceiros e intérpretes. Lançou, em 2005, seu primeiro CD, o Paralelas, em parceria com Alzira Espíndola, pela Duncan Discos, com as participações especialíssimas de Zélia Duncan e Arnaldo Antunes.
Antes da publicação de seu primeiro livro, Navalhanaliga, em dezembro de 1980, já havia escrito textos feministas, no início dos anos 1970 e editado algumas revistas, além de textos publicitários e roteiros de histórias em quadrinhos. Alguns de seus primeiros poemas foram publicados somente em 1984, quando lançou Pelos Pêlos pela Brasiliense. Já ganhou vários prêmios, incluindo o Jabuti de Poesia, de 1989, pelo livro Vice Versos e o Jabuti de Poesia, de 2009, pelo livro Dois em Um.
Já participou do projeto Arte Postal, pela Arte Pau Brasil; da Exposição Transcriar - Poemas em Vídeo Texto, no III Encontro de Semiótica, em 1985, SP; do Poesia em Out-Door, Arte na Rua II, SP, em 1984; Poesia em Out-Door, 100 anos da Av. Paulista, em 1991; da XVII Bienal, arte em Vídeo Texto e também integrou o júri de 8 encontros nacionais de haikai, em São Paulo.
Tem poemas traduzidos e publicados em antologias nos Estados Unidos, Bélgica, México, Argentina, Espanha e Irlanda, tendo sido também convidada como palestrante na Bienal de Lenguas da América no México e na Europalia Brasil em Bruxelas.
As aulas de haikai são uma experiência única para quem já fez - Alice convence a gente que no fundo de cada um existe um poeta louco pra despertar, e descobrimos surpresos que sim, é possível!
Carô Murgel
Historiadora
Historiadora
Fonte bibliográfica: http://www.aliceruiz.mpbnet.com.br/release.htm
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!