Dia a dia com a poesia



Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Carlos Drummond de Andrade




Um poema como um gole d’água bebido no escuro.

Como um pobre animal palpitando ferido.

Como pequenina moeda de prata perdida

                                               para sempre na floresta noturna.

Mário Quintana




“Que é poesia?

                          Uma ilha cercada de palavras

                                                                    Por todos os lados”. 
Cassiano Ricardo










“Há poesia
na dor
na flor
no beija-flor
no elevador” 

Oswald de Andrade



“Poesia é negócio de criança ou de louco ou
                                                      de bêbado”. 
Manoel de Barros



“Sangro todos os meses sobre o papel
passo um rol de letras miúdas à máquina
lavo vírgulas, costuro parágrafos
varro apenas o sentido vão.
Não há razão de sobra e palavra
que eu não lavre a penas.
Não bordo senão o texto encardido.
                                                                                   pés no chão.”          
                 
Maria das Graças Simões



Você sabia que a poesia nacional tem um dia no calendário dedicado a ela? Pois bem, não por acaso, no dia 14 de março comemoramos o Dia Nacional da Poesia.

Criada para difundir a poesia e a linguagem literária, a data foi escolhida para homenagear um de nossos maiores poetas, Antônio Frederico de Castro Alves, nascido na cidade de Curralinho (hoje Castro Alves), em 14 de março de 1847. Castro Alves foi considerado um dos mais brilhantes poetas românticos, responsável por uma nova concepção de amor na Literatura, além de um notável entusiasmo por grandes causas sociais, como a abolição da escravatura. Depois dele, muitos outros vieram, mas como grande poeta que foi, teve seu nome perpetuado em nossa história, sendo, então, digno de reverências e homenagens.

Fonte: http://www.brasilescola.com/datas-comemorativas/dia-nacional-poesia



Poesia se come com os olhos. Escuta-se com a boca. Degusta-se com os ouvidos. Poesia é como um delicioso café repleto de aroma. Poesia é como cair no meio do asfalto também. Ralar os joelhos dos conceitos. Estatelar-se com a única verdade: ser um eu que não sou eu, que pode ser você. Um eu que nunca é um só e mesmo só está sob a companhia de milhões. Poesia é coisa de louco sim. De bêbados também. De apaixonados, de pessimistas, de céticos, de fanáticos. Poesia é deseducar-se um pouco. Perder a elegância e a compostura da bem-comportada e hipócrita civilizada criatura humana. Poesia é margem e rio. É ferocidade e acalento. É a sensual forma dos pensamentos. Poesia é formato erótico da linguagem. Apaixonante. Viciante. Infinita. Uma vez pego pela poesia não há como livrar-se das metáforas. Nem das hipérboles. A poesia nos consome, nos engole, nos envia para mundos impossíveis. Poesia é criação e possibilidades desmesuráveis de universos que se explodem em letras. Poesia é vida, é alma, é a beleza embutida nos seres, é a forma de falar o que não se diz. Poesia bebida todo dia um gole: doses que se tornam poderosas e vão nos transformar em compulsivos consumidores de letras, sons, contorcidas vibrações vitais em cada esquina, em cada olhar, em cada folha, em cada bicho a se mover, em cada toque, em cada palavra engolida pelo silêncio absurdo - absurdo! - a que tanto nos submetemos!





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