Desafio do Livro Indicado (11/04/15)

No último sábado dia 11 de Abril, o Clube cumpriu seu desafio!
Cada membro fixo, sorteou um nome para que desafiasse a ler algum livro que ele sugerisse. O resultado, foi ótimo! Todos falaram dos prós e contras dos livros que foram desafiados a ler.
Obras que foram absolutamente significativa para uns, não tocaram tanto outros.




Os desafios foram:

Ilusões
Lívya Nacarate desafiou Aléxia Vargas

Desastre Iminente:
Aléxia desafiou Jô Coelho

O Vestido de Noiva:
Jô desafiou Pit Larah

A Terra Inteira e o Céu Infinito:
Pit desafiou Fernanda Giesta

O Retorno do Jovem Príncipe
Fernanda desafiou Lívya Nacarate

As boas Mulheres da China
Ni Couto desafiou Elayne Amorim

A Busca da Felicidade
Elayne desafiou Roseane Xisto

A Terra Inteira e o Céu Infinito
Roseane desafiou Eliza Alvernaz

O Castelo de Vidro
Eliza desafiou Nivia.
















Recebemos a poeta carioca Regina Pouchain, que fez um bate papo delicioso o qual pudemos conhecer melhor a poesia concreta e o poema processo.








Para complementar tudo o que foi falado nesse encontro, trouxemos algumas informações extras!

O Contra-estilo em Wlademir Dias-Pino

A marca dos trabalhos de Wlademir Dias-Pino é a permanência, em todos eles, de um processo de interferência nas linguagens que se dá em diversos níveis e em diversas direções. Buscar a seqüência e o nexo dessa atuação sobre as linguagens é estabelecer a biografia de seu processo autoral e, com isso, o seu contra-estilo.
A AVE, produzida no início dos anos 50 e editada em 1956 por ocasião da fundação da Poesia Concreta, partia de frases-slogan (Ave voa dentro de sua cor/polir o vôo mais que a um ovo/etc) para desconstruir o texto através da fisicalidade do papel: a transparência, a cor, a perfuração, a posição relativa das palavras, etc. em camadas que se recompunham por meio de palavras, e finalmente de fonemas, as folhas permutáveis formavam novos textos até chegar ao mínimo: teto/ TATO.
Neste livro, e nesta fase, a atuação de Wlademir sobre as linguagens se deu no âmbito verbal, gestual e visual por sucessivos procedimentos de condensação e deslocamento, quando a sintaxe linear do discurso e dos fonemas sofreu uma recomputação, através das posições nas páginas assimiladas estruturalmente a uma superfície de coordenadas cartesianas. O livro, como análise semiótica textualizando a sintaxe. Se, como disse, Antônio Houaiss sobre a Poesia Concreta, na época, ela tinha como base inovadora a invenção sintática, foi no livro A AVE que esta invenção atingiu a radicalidade mais profunda e mais surpreendente.
Em SOLIDA, cujas primeiras versões conhecidas datam de 1956 mas que completou-se em 1960 com a edição de um bloco de cartões permutáveis, o sentido cartesiano é mantido com a posição relativa das letras permanecendo nas diferentes folhas dos cartões.
As palavras são obtidas nas posições relativas de uma coluna formada pela palavra SOLIDA colocada em 9 linhas. Esta coluna funda um espaço imaginário onde todas as combinações estabelecidas a partir de quadrados latinos são possíveis. Desconstrói-se a palavra para formar conjuntos de letras (não palavras), que são escolhidas dentre as possibilidades, para coincidir com os conjuntos dicionarizados como palavras. Estes conjuntos provêm da positivação das letras em suas posições imaginárias por meio de pontos tipográficos, linhas, áreas, superfícies e volumes. O processo falsifica um texto verbal, que aproveita o automatismo da língua para proporcionar uma orientação de leitura. SOLIDA/ SOL/ SAIDO/ DA/ LIDA/ DO/ DIA. É assim estabelecida uma codificação, através da posição imaginária, entre as letras e os seus positivadores – pontos, linhas, áreas e volumes. O que de modo algum autoriza leituras figurativas que identifiquem o ponto com o conjunto SOL, o volume com os conjuntos SOLIDA ou SAIDO, os vazios com o conjunto SOLIDÃO; nem o trabalho de leitura com o conjunto LIDA.
Da imensa importância desse processo como abertura para a invenção poética dão conta:
- Décio Pignatari que, na Revista Invenção nº 4 (1964), ao lançar o poema – Código, atribuiu ao poema SOLIDA o papel de precursor da exploração poética do código semiótico;

- Augusto de Campos que, nas primeiras tentativas para sair do beco-sem-saída em que se colocara na poesia Noigandres, vertente da Poesia Concreta, utiliza os quadrados latinos, a permutação de letras para propor o poema ACASO/CAOS sem dúvida uma versão criativa do processo adotado por Wlademir;
- o grau de informação existente no processo do livro SOLIDA. Registra um desabrido desrespeito com a imobilidade do discurso verbal, por isso ele serviu de estímulo à fundação do Poema-Processo. A análise deste livro e de A AVE tornou-se o eixo fundamental por onde iniciou-se a formulação da teoria do Poema-Processo, sem dúvida a primeira manifestação poética de ruptura radical com a modernidade, antepondo a estrutura ao processo, a estática à dinâmica e o determinismo do discurso à indeterminação e à probabilidade advindas da participação do leitor-consumidor.
Alvaro de Sá [1993]

A Ave-Wlademir Dias-Pino








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