Desafio do Livro Indicado - Dia 1 - Por Elayne Amorim (As Boas Mulheres da China)


Bom dia, leitores!



A semana inteira, traremos resenhas de títulos indicados por nossas companheiras do Clube. 
No próximo dia 11/04, nosso evento terá um debate sobre todos esses livros. Tiramos uma espécie de "amigo oculto" e o nome que saísse no papel, seria o nosso desafiado.
Esse desafiado deveria ler o livro que indicarmos. E assim, começamos nossa semana, com o primeiro desafio.

Tenham uma semana de paz! 



“Claro que a vida é mais importante do que um livro. Mas, em muitos sentidos, o meu livro era minha vida”. (p. 9)

Uma jornalista, apresentadora de um programa na rádio, começa a discutir vários assuntos do mundo cotidiano, principalmente o feminino, abrindo assim uma brecha num país enorme, dominado pela força do Estado.
Numa época em que toda a mídia e notícias eram controladas e dominadas pelo Partido, “Palavras na brisa noturna” tornou-se um momento de desabafo, troca de experiências e possibilidades de mudar, ajudar a vida das pessoas.
O livro “As boas mulheres da China” é composto por inúmeras histórias comoventes de mulheres que viveram as mais diversas experiências, infelizmente, em sua maioria, ruins. Seja por causa do atraso, da falta de informação, e, principalmente, devido a questões políticas e culturais, essas mulheres tiveram muito sofrimento em suas vidas.
A jornalista chinesa Xinran, através de seu programa de rádio – Palavras na brisa noturna – mesmo que “policiado” pelo Partido, conseguiu conhecer e coletar inúmeras histórias de vida das mais variadas mulheres chinesas, jovens ou mais velhas, mais ou menos instruídas, pobres ou ricas; mas que compartilhavam seus medos, anseios, traumas. Muitas delas marcadas pela violência – física, sexual, psicológica – numa época em que falar era proibido, em que a mulher era vista muito mais como “coisa” que “pessoa”.
Um livro que, sem dúvida, me impressionou muito e mexeu com minhas emoções. Houve vários trechos em que me peguei pensativa, digerindo aqueles relatos tão difíceis de serem encarados como realidade em pleno século XX, a esbarrarem na porta do nosso século XXI. 
Fiquei a imaginar como aquelas pessoas – pessoas reais, mulheres reais – foram tão fortes e capazes de suportar tanta humilhação e violência em seu país.
Um livro que nos leva a conhecer outras realidades, que nem sempre imaginamos serem possíveis nos dias de hoje, e também, nos toca e nos faz refletir sobre o valor da nossa liberdade. Nós, mulheres, podemos fazer escolhas para nossas vidas, seguir carreiras, escolher nossos parceiros e nossa forma de viver. Podemos falar, opinar, dizer sim, dizer não, temos direitos garantidos como “pessoas”, “seres humanos”: não devemos nos esquecer disso e nem abrir mão, jamais.
São muitas histórias tocantes, dramáticas, quando não repugnantes, mas, que ao mesmo tempo, nos leva a uma viagem por um mundo real que não conhecemos.
Xinran conseguiu publicar seu livro na Inglaterra, uma vez que isso seria impossível na China.
Uma grande leitura!
Fiquei muito feliz com esse desafio de leitura, o livro acrescentou muito em minha vida e me fez dar ainda mais valor a algo que tanto já prezo: a liberdade. Ser olhada como gente, ser vista como uma pessoa humana capaz de inventar, trabalhar e escolher o que é melhor para minha vida – mesmo que nem tudo seja acerto; são coisas que não têm preço, literalmente.
Deixo o convite para que vocês, leitores e amigos, entrem em contato com esse livro que tem tanto a nos ensinar através das histórias que aquelas desconhecidas mulheres vieram compartilhar.

Algumas das partes tocantes...

A MENINA QUE TINHA UMA MOSCA COMO ANIMAL DE ESTIMAÇÃO
“Nos últimos dias não visitei o meu querido filhote de mosca. Tenho a sensação de estar com cãibra no corpo todo.
Mosquinha, desculpe”. (p. 42)

A CATADORA DE LIXO
“... pois a Catadora de Lixo, cuja memória eu prezo muito, nunca atravessou sequer a soleira daquela casa. Embora ele parecesse tão abastado, ela é que era realmente rica” (P. 74)

A MULHER CUJO CASAMENTO FOI ARRANJADO PELA REVOLUÇÃO
“As crianças foram tiradas de mim logo depois de nascer e enviadas para uma creche do exército, porque o Partido achou que elas poderiam afetar o trabalho do pai” (p. 122)

A MULHER QUE ESPEROU QUARENTA E CINCO ANOS
“É característica do chinês moderno ter uma família sem sentimentos ou sentimentos sem uma família” (p. 138)

A INFÂNCIA QUE NÃO CONSIGO ESQUECER
“O professor contou que a biblioteca era um segredo que pretendia deixar para as gerações futuras. Por mais revolucionárias que sejam, disse, as pessoas não podem viver sem livros. Sem livros não compreenderíamos o mundo; sem livros não poderíamos nos desenvolver; sem livros, a natureza não pode servir a humanidade.” (p. 189)

AS MULHERES DA COLINA DOS GRITOS
“O único dia em que uma mulher da colina dos Gritos pode erguer a cabeça é aquele em que dá à luz um filho. Encharcada de suor depois do tormento do parto, ouve as palavras que a enche de orgulho e satisfação: ‘Peguei-o!’. esse é o maior reconhecimento que obtém do marido, e a recompensa material é uma tigela de ovo com açúcar e água quente.” (p. 243)





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