Desafio do Livro Indicado - Dia 2 - Por Eliza Alvernaz (A Terra Inteira e o Céu Infinito)



Começo meus “Sentimentos Literários” contrariando a premissa de esse ser um livro em que se ‘ama ou odeia’, como tido pela maioria de seus leitores. A explicação é bem simples e óbvia: não amei, nem odiei!
A leitura esteve longe de ser desnecessária, mas também não entrou para os meus favoritos.
Recomendo a dois tipos de leitores:
1 – Que têm grande interesse na cultura japonesa.
2 – Que gostam de leituras que o conduzam para a reflexão do desejo do autor.
A narrativa de Ruth Ozeki é leve, o que facilita levar a leitura adiante. O que realmente me incomodou foi o excesso de referências à cultura japonesa. O que eu, particularmente, não tinha interesse nenhum no momento. 
A leitura teria sido mais significativa se eu tivesse me disposto a ir além do que a autora me apresenta, buscando e pesquisando a respeito de cada referência subentendida. 
Por outro lado, nada impede a compreensão da história. As notas de rodapé, o contexto e os próprios personagens nos levam a tal entendimento. Apenas acredito que poderia ter ido além, e é justamente o que eu recomendo a qualquer um que embarque nessa leitura.
Outro ponto bastante incômodo, é que a autora não nos deixa espaço para sensações naturais, algo que eu não me importo em adaptações cinematográficas, mas não tenho interesse algum quando se trata de literatura. 
Aprecio livros que me levam à reflexões no decorrer da história, sem que eu perceba. Leituras que me tocam, modificam, acrescentam, sem a obrigação de que seja feito. Isso não ocorre nesta obra!
Na maioria das páginas, era quase possível visualizar um “parêntese” da autora com orientações do que deveríamos sentir ali. 
“Agora você deve chorar”. “Agora você deve chorar muito”. “Agora você deve rir.” “Agora pense sobre essa citação” “Agora pense sobre esse tema” ... 
Um livro escrito com objetivos que ficam óbvios a cada cena. Senti-me presa em uma narrativa engessada. Algo que me impediu de “amá-la”.
Ozeki alterna temas comuns e atemporais, infelizmente, como: bullying, suicídio, mãe ausente, etc... Com um cenário que não condiz com nossa realidade, deixando falhas para quem não se entrega a uma pesquisa como a que citei acima, e temas que acabam por serem demasiadamente cansativos. 

Dividido em duas narrativas, através de Nao e seu diário, uma japonesa de 16 anos que, em minha opinião, salva a leitura com sua simpatia e irreverência em meio a uma sofrida realidade. E Ruth, escritora que encontra este diário dez anos após ele ser escrito. 
Em seu diário, Nao pretende relatar a história de sua avó, uma monja budista, feminista e anarquista, de 104 anos.
Contrária a Nao, Ruth é uma personagem que não cativa.
A vida das personagens se cruza após o diário chegar às mãos de Ruth, e valida-se por se tratar de um ser-tempo, que possibilita passado e presente de colidirem. O ‘tempo’ nos é apresentado de acordo com a narrativa em que estamos lendo no momento. Essa característica torna a leitura bastante interessante. Sou fã do tipo deste “A casa do Lago” e foi bastante agradável encontrá-lo aqui.
Misturando ficção e realidade, passamos a questionar o tempo todo o quanto Nao é invenção e criação de Ruth, ou não. Afinal, o quanto nós, leitores, depositamos e modificamos dentro de nós, os personagens dos quais estamos envolvidos?
Nas páginas finais, a história perde o foco – e o fôlego. O excesso de temas abordados talvez seja o ponto fraco da obra e o que levou a um desenrolar fraco perto do que se propunha!







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