A música, o frio e o meu trajeto num sábado de manhã (ou A Trilha Sonora dos meus Passos).


Olá, leitores! 

Quando saí hoje na portões da faculdade onde estudo, peguei meus fones e resolvi mudar o caminho da volta para casa. Tinha baixado novas músicas para minha playlist e queria ouvi-las todas, por isso a escolha de um caminho mais longo. Imediatamente me dei conta de que lá nos 90 eu andava pelas ruas da cidade com os pensamentos pipocando na minha cabeça e dividindo o espaço dentro daquela confusão adolescente com as músicas que eu ouvia mentalmente. E olha que lindo, hoje em dia a confusão continua, mas agora as músicas estão todas numas caixinhas portáteis!!! Que maravilha, o meu cérebro, tão sobrecarregado por todos esses anos de decisões e riffs intermináveis, agradece aliviado.



  



Continuando o trajeto diferente, pensei em como os especialistas estão certos ao sugerirem que a gente mude a rotina de vez em quando pra dar uma sacudida na comodidade do nosso corpo e mente. Vi coisas que não reparava há tempos, apesar de estarem no mesmo lugar. Umas um pouco diferentes e outras ainda do mesmo jeito. Tem coisas que são bem visíveis mesmo e ainda que eu não quisesse vê-las, elas estão ali, saltando aos meus olhos e me acertando feito voadoras, como a obra perto da faculdade, que deixa a cidade com um clima Napalm Death sem igual... Se não chove é poeira. Se chove é lama. Um caos. Caos e lama, Da Lama ao Caos. Ah, Chico Science, quanta falta você faz, profeta. De fato, a nação me parece, muitas e muitas vezes, ser habitada somente por zumbis...


Obra: Operários
Autor: Tarsila do Amaral
Ano:1933
Técnica: Óleo sobre tela
Medidas: 150 cm X 205cm
Local: Acervo do Governo do Estado de São Paulo

https://www.youtube.com/watch?v=_G63uF288T4


Depois de uma rápida volta no centro da cidade, tomo o caminho definitivo de retorno para casa e aí o burburinho do sábado de manhã vai sumindo devagar, as bicicletas com propagandas vão indo mais e mais longe e ficando menos barulhentas. O frio, mesmo não sendo tão intenso ainda,faz as coisas se acalmarem um pouco. Adoro. Tanto o frio quanto a calma. No verão é diferente. No verão, aquela simpática ruazinha fica mais colorida, mais barulhenta, mais cheia de gente, os bares com as mesinhas abarrotadas, cachorrinhos e gatinhos sendo doados, braços sendo vacinados, purrinhas sendo gritadas, rifas sendo vendidas, celulares sendo teclados, chops gelados sendo virados. São milhões de pequenos universos paralelos, girando, rápido e sem parar, uns ao lado dos outros. Uma cidade insana, uma cidade tecno, uma cidade quase tóxica.


https://www.youtube.com/watch?v=64FrYGRrKVY


Assim, terminando a minha caminhada, vou chegando em casa e repensando o que vi e o que ouvi enquanto via, sentindo as impressões do que meus olhos registraram num sábado frio, onde algumas músicas parecem ter sido feitas especialmente para as paisagens nubladas e cinzentas dessa cidade por enquanto meio cinza, de gente colorida e feliz, que anda meio muda, meio cega e meio surda, mas que mesmo assim, ainda consegue e sabe cantar. Meu coração, acelerado pelos passos ora rápidos, ora calmos (porque eu ando conforme as músicas tocam), fica meio cheio de uma alegria besta por causa do clima, do tempo, do final do semestre e das provas, das músicas e das pessoas. Podia ficar meio vazio por causa de umas coisas que nem ouso listar aqui, visto que são muitas. Mas hoje não. Hoje é dia de preencher a vida com o que se gosta. Vou de livros e músicas. Vamos também?







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