Sentimentos Literários - A Bibliotecária de Auschwitz


"Cada vez que alguém se detiver num canto para contar algo e algumas crianças se sentarem ao redor para escutar, ali terá sido fundada uma escola."

Não sou muito boa em poetizar o sofrimento e poderei correr o risco de parecer pessimista! Não me entendam mal, é só que fica muito difícil acreditar no ser humano quando você percebe o quanto o mal está cravado em nossa alma! 
A história da humanidade é marcada por tantas atrocidades! Somos seres imprevisíveis e só podemos saber quem são as pessoas, quando damos poder a elas. 
Trata-se de uma história real, sobre um bloco no campo de concentração de Auschwitz, onde pessoas arriscavam suas vidas, para manter uma escola clandestina em meio ao caos. E Dita, uma adolescente que mesmo sonhadora, carregava uma valentia inacreditável, era a bibliotecária desta escola. 
Apesar da morte, da fome, da escravidão, da doença e de todo terror, Dita seguia como bibliotecária de Auschwitz. Ela transportava os livros dentro de sua saia, para que estes, chegassem aos professores, mesmo ciente do risco que isto significava. 




Através deste livro, podemos conhecer um medo mais próximo do que as outras histórias da Segunda Guerra Mundial. O grande terror, não era apenas Hitler e seus mensageiros da morte, mas este livro, nos aproxima da realidade de um campo, onde o pavor não era apenas as duchas envenenadas ou as infecções, a figura de maior pavor era Mengele e seus experimentos científicos. 
Durante a leitura, algumas vezes você se pergunta como ainda é possível amar o conhecimento em um lugar onde as pessoas parecem ter perdido tudo. Mas então, aos poucos você percebe que a cada toque e a cada remendo que Dita faz em seus preciosos livros, ela está remendando sua alma. A cada história que ela lê, ela descobre um mundo escondido onde é possível fugir do horror que a cerca.
E mais uma vez, um livro me mostra que podem tirar tudo da gente, mas não podem nos arrancar o conhecimento que adquirimos. Só ele salva nossa alma, nossa mente, e nos permite seguir com coragem e fé. E por isso, eu defendo o acúmulo de conhecimento, porque esta é a maior herança que poderemos deixar para nossos filhos. 

"Ao longo da história, todos os ditadores, tiranos e repressores, fossem arianos, negros, orientais, árabes, eslavos ou de qualquer outro tom de pele, defenderam a revolução popular, os privilégios das classes nobres, os mandamentos de Deus ou a disciplina sumária dos militares. Qualquer que fosse sua ideologia, todos tiveram algo em comum: sempre perseguiram os livros com verdadeira sanha. São muito perigosos, fazem pensar."

Através deste livro, pude conhecer o medo, puramente! Sem poesias, sem brilhos! Era apenas o medo acumulado sobre os corpos que estavam em decomposição.
E quando você entra nesses mundos onde os seres humanos se mostram tão desprovidos de humanidade, é preciso ter mais vontade de seguir em frente, pregando o amor onde quer que formos. 
Um livro triste, comovente, denso, mas necessário para que possamos ter consciência do que os seres humanos são capazes! Tanto para matar e destruir, quanto para construir e renascer! 

"O que a literatura faz é o mesmo que acender um fósforo no campo no meio da noite. Um fósforo não ilumina quase nada, mas nos permite ver quanta escuridão existe ao redor."

WILLIAM FAULKNER




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