"A Peste", Albert Camus
Resenha de “A Peste”, Albert Camus
Sinopse:
Na década
de 40 do século XX, a cidade argelina de Oran começa a ser invadida por ratos
agonizantes. A cada dia, maior é a pilha de animais mortos. Não demora para os
habitantes da localidade também começarem a perecer, vitimados pela terrível
peste negra. Quando as autoridades percebem a situação sair de controle, fecham
as portas de Oran. Quem estava fora não pode retornar, tornando-se um exilado;
quem estava dentro não pode sair, tornando-se um prisioneiro. Publicado em
1947, a obra chegou a ser encarada como uma alegoria da II Guerra Mundial,
evento histórico no qual a peste nazista ocupou países, criou campos de
concentração e infectou o continente europeu.
Tudo estava tranquilo na cidade de Oran. A rotina,
o hábito, os costumes... tudo seguia seu rumo, maquinalmente; “Nesse ponto, sem dúvida, a existência não é
muito animada. (...) A cidade sem pitoresco, sem plantas e sem alma acaba
oferecendo repouso – e afinal adormecemos nela”.
Até que os ratos começam a aparecer agonizantes. No
início, aquilo incomodou as pessoas, mas elas pareciam ignorar tal fato. Eles eram
alguns, até que se tornaram muitos, e inúmeros!
Mais tarde, pessoas começam a adoecer e a morrerem
rápido e com sofrimento.
Em primeiro momento, é como se houvesse uma
negação, ninguém falava o nome da doença, ocorriam especulações, no entanto, a
epidemia vai se alastrando e a palavra “peste” entra no contexto. No mais, a
população começa a sofrer; medidas sanitárias têm de ser tomadas; a cidade é
isolada do resto do mundo: ninguém entra e ninguém sai. E toda aquela rotina de
antes, tranquila, habitual e sem graça é completamente alterada.
Nesse contexto, inúmeras reflexões são levantadas
entremeando-se à história. As relações humanas, os sentimentos que afloram, a
postura diante da morte iminente, que “escolhe” de modo aleatório aqueles que
vai levar.
Como leitora, fui tragada àquela cidade, imaginando
cada situação, como se acompanhasse os personagens em seus trajetos e angústias...
a dor da separação dos amantes; os dilemas humanos entre ajudar ao próximo ou
se preocupar consigo; apegar-se aos dogmas religiosos ou à racionalidade; o
sofrimento das pessoas causado pelo desastre da doença e pelo total isolamento,
recebendo alguns suprimentos de fora, estando praticamente por si sós a
enfrentar o mal...
Acompanhei os dilemas do Dr. Rieux, muitas vezes
revoltado diante da ineficácia de seus esforços para salvar os doentes, seus
dilemas pessoais e, muito interessante, as reflexões que ele nos traz através
de algo que muito o assusta: o fim da vida.
Uma leitura profunda, pertinente e atual.
A linguagem bem construída agradará àqueles que
apreciam um texto com escrita fina, correta e nada difícil.
“Os males
do mundo provêm quase sempre da ignorância”
“Devemos
viver e morrer pelo que amamos”
“Ouvindo
o rumor alegre da cidade, Rieux pensava que essa alegria estava sempre ameaçada.
A multidão festiva ignorava o que se pode ler nos livros: o bacilo da peste não
morre nem desaparece...”
Albert
Camus (Mondovi,
7 de novembro
de 1913
— Villeblevin,
4 de janeiro
de 1960)
foi um escritor,
romancista,
ensaísta,
dramaturgo
e filósofo
francês
nascido na Argélia. Foi também jornalista
militante engajado na Resistência Francesa e nas discussões
morais do pós-guerra. Na sua terra natal viveu sob o signo da guerra,
fome e miséria,
elementos que, aliados ao sol, formam alguns dos pilares que orientaram o
desenvolvimento do pensamento do escritor.
Camus foi
agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura de 1957 "por
sua importante produção literária, que, com seriedade lúcida ilumina os
problemas da consciência humana em nossos tempos".
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