Nunca subestime a vida dos velhos sentados nos bancos de praça!



 Queridos amigos e leitores, o nosso desafio continua!Hoje trago a vocês o tema "Nunca subestime a vida dos velhos sentados nos bancos de praça!". As pessoas idosas, aquelas que, por vezes, vemos sentadinhas num banco de jardim, a olhar a vida ou a jogar conversa fora... quantas histórias e experiências eles têm para nos contar?! Muitas das vezes, frágeis, por causa da saúde ou mesmo pelos efeitos da idade, mas, esses estão aí, resistindo ao tempo, se adequando aos novos momentos, esbanjando a dádiva de viver muito...




Quando se fala em “pessoas mais velhas” ou “idosas”, logo costumamos pensar em suas experiências, em seus conhecimentos de vida. Que isso é um fato, todos já sabemos.
Quem nunca experimentou sentar-se com uma pessoa bem mais velha para conversar sobre as “coisas da vida” está perdendo e muito!
Mas, quando vemos aquelas pessoas idosas nos bancos de praça, ou mesmo a avozinha com o corpo aprumado a embelezar-se ao espelho para sair à rua, será que imaginamos a vida inteira guardada ali? Seus sonhos e suas frustrações? As esperanças que insistem em brotar em seu interior, seus devaneios?
Será que imaginamos que a idade, uma dádiva do tempo, também pode ser a maturidade de que se precisava para não cometer aqueles erros pueris enquanto se era adulto? Um projeto, um trabalho, uma outra vida que ficara na ideia; as paixões inacabadas, por egoísmo ou medo; por ciúmes tolos ou possessividade absurda!
O tempo talvez tenha lhes dado coragem, mas o que os impediria, então, de retomar o fio da meada das relações inacabadas, dos sentimentos abandonados a um canto em que a memória, às vezes tão repetitiva para certas coisas, é tão implacável para outras.
Houve um tempo em que eram chamados sábios. Os anciãos possuíam um respeito como que as enciclopédias de capas douradas. O que acontecera?
Quem mais poderia ensinar coisas sobre a vida senão aqueles que provaram na própria pele o gosto amargo dos sentimentos tão tolos e tão radicais quando somos mais jovens e achamos saber tudo, donos de razões inabaláveis.
Essas pessoas podem ter se realizado plenamente ou se sentirem incompletas. Elas viveram aventuras das quais podem se gabar. Construíram suas vidas, muitas vezes, com dificuldades, através da força da sua vontade.
Ah! os velhinhos sentados nos bancos, os velhinhos caminhando de mãos dadas, os velhinhos com seu olhar comprido, escondida pelas dobras do tempo uma história de vida inteira!

Elayne Amorim








Eles também tiveram glória algum tempo.
Amaram e foram mais amados,
Mais respeitados e mais vistos.
Frequentaram as casas dos amigos,
Festas dos santos, bailes e carnavais.

Eles também correram nas horas que devoravam os dias,
Suaram e mal dormiram para garantir seu sustento,
Honrar seus filhos e a vida,
Sem tempo para se sentar na praça e conversar.

Fizeram sua história e as marcas estão neles.
O de chapéu e boca torta foi comerciante;
O negro sorridente, mestre de capoeira;
A dama de azul, bailarina de salão.

Todos já viveram angústias como as tuas
E, por superarem-nas, merecem teus ouvidos.
Olha atentamente para todos eles
E verás que a sabedoria do mundo não está contigo.

São tesouros... As memórias dos anos idos.
Agrupados nos bancos são como livros,
Compêndios descansando nas estantes.

Trocam sorrisos na praça. Trocam esperança.
Fazem até talvez escambo de suas dores.
Dores de vó e dores de vô. Dores da vida.
Mas que adiam o fim da jornada nos bancos da praça.

Marcio Fazenda







Eles olham para o tempo e conversam com ele como se nada mais importasse. Conseguem conversar com os animais e sorrir como se entendessem suas respostas. 
Eles têm as receitas dos melhores remédios contra enxaqueca e dor nas costas e sempre têm um grande conselho depois de te convidar para sentar-se ao seu lado.
Eles são velhos! Andam como se o mundo estivesse parado, esperando que eles cheguem ao seu destino. Arrastam-se porque pesam-lhes as pernas, pesam-lhes a vida! Não têm mais pressa, porque não querem chegar ao final de sua jornada, e se assustam quando deitam e percebem o quanto querem acordar no dia seguinte.
Eles choram, temem a solidão e se desesperam quando lembram de sua amiga ceifeira que pode chegar para visitá-los a qualquer instante. Mas seus olhos, ainda demonstram serenidade!
A memória começa a falhar. Recortes da vida passam aleatoriamente, mas não se encaixam. Eles tentam fazer com que tudo faça sentido, mas as pessoas tendem a não ter paciência em ouvir a mesma história pela 10º vez! Eles querem falar, para se ouvir! Querem permanecer presentes em suas próprias mentes, até que o fim lhes arranque a dádiva de acumular memórias. 
Nunca subestime a vida dos velhos sentados nos bancos de praça! Eles são o acúmulo de diversas vidas, diversos tempos... parecem fortes, mas são tão frágeis! Parecem frágeis, mas são tão fortes! Parecem doces, mas possuem muitas amarguras... 
Eles não lutam mais contra seus demônios, botam todos para fora e não se envergonham se alguém os veja. 
Eles possuem histórias lindas e esperam que alguém tenha tempo de ouvi-las. Entre um cochilo e outro, querem alguém que se admire com suas aventuras e desventuras, e por toda aquela história acumulada nas linhas tortas de uma mão enrugada!

Pit Larah




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