"No princípio era o Verbo"
Mundos podem ser construídos e destruídos por uma única palavra. Será que temos ideia do poder que as palavras têm? Será que somos pessoas "de palavra" ou nosso discurso muda de acordo com o que melhor nos convém? A palavra pode revelar verdades ou fixar mentiras. "A palavra é meu domínio sobre o mundo", já disse uma grande escritora. Palavras, ai, palavras! O que são vocês, afinal? A palavra convence; a palavra registra; a palavra consola; a palavra destrói. Mesmo em meio ao silêncio podemos estar sufocados num mar de palavras. A palavra não merece desperdício.
NO
PRINCÍPIO ERA O VERBO
Acredito
na palavra, na força dela,
Por
isso escrevo. Escrevendo, descarrego pesos.
E,
quando se excedem os pesos, Falo.
Se
a palavra for compreendida,
Peso
compartilhado. Incompreendida...
Mais
palavras!
Meu
princípio não era o verbo,
Nunca
foi. Falo pouco e escrevo menos...
Menos
do que necessito.
O
verbo, em verdade, é meu fim.
O
mundo me emudece e me inspira,
Me
estarrece e me leva a escrever.
Minha natureza é contrária à expressão,
Mas...
Se esqueço de que sou bicho
E
que neurormônios imperam em mim,
Lanço
mão das palavras.
Com
elas pouco me explico.
Elas
é que se expõem comigo.
Marcio
Fazenda
No princípio era o Verbo!
Trata-se de uma passagem da bíblia, mas eu não vim falar da
bíblia! Quero falar do verbo que semeamos dentro de nós mesmos, do amor que
nutrimos pelo próximo e do cuidado que temos com quem nos cerca!
No princípio, todos os bons sentimentos estão sendo gerados
dentro dos nossos corações, são chocados como um ovo que precisa da temperatura
quente da pele.
Nós olhamos o mundo a nossa volta e temos o direito de
escolhermos o que enxergaremos! Se veremos os fungos que escurecem e intoxicam,
ou se veremos o belo!
Devemos escolher se entraremos em sintonia com a natureza,
ou se lutaremos contra ela! Devemos escolher se seremos meros expectadores da
vida, ou se seremos agentes de mudança dela!
É o nosso olhar delicado que nos mostra por qual caminho
devemos seguir! Se devemos falar das coisas, ou do sentido delas!
Toda a bondade que somos capazes de exalar no mundo, nasce
do que nutrimos dentro de nós! Do verbo que zelamos dentro do peito e das
escolhas que temos em fazer a diferença! Se viveremos para atingir ou para
sermos atingidos, trata-se de uma escolha nossa! Mas essa escolha não acontece
de um dia para o outro, ela foi alimentada por muito tempo! Foi um verbo que
viveu dentro de nós! E creio que o nome disso é Deus!
Pit Larah
“No princípio era o Verbo.”
A Bíblia Sagrada é o único
livro sagrado que conheci. E conheço. Sempre a manuseei com cuidado e cautela,
como se, por exemplo, a deixasse cair, alguma coisa ruim pudesse acontecer
comigo. Manias de criança.
Embora nunca a tenha lido toda
– acho que nem 50% de seu conteúdo – tenho minhas histórias preferidas, quem me
conhece sabe, adoro a história de Noé, por exemplo.
Ora, também é tanto clichê
dizer que sempre amei os Salmos: poesias. O Cântico dos Cânticos, lindíssimo.
E há aquelas “frases de
efeito” bíblicas que me fascinam. Pense em “No princípio era o Verbo”, do Novo
Testamento. Salvo as explicações filosófico-teológico-religiosas, sempre achei
essa frase poética.
Uma das coisas mais lindas do
mundo pensar que tudo começou no “Verbo”. Verbo tal que representa a vontade, o
desejo; em estado de graça, de pura energia desconhecida para nós humanos.
Um algo tão belo, sem corpo,
sem dimensões de preto ou branco, alto ou baixo, macho ou fêmea, bom ou ruim...
Apenas o Verbo, em estado agramatical, sem análises nem lógica.
Uma frase tão quântica quanto
poética.
Imagino o Verbo, uma vontade tão infinita e tão infinitesimal, de
grandezas e volumes e matérias e insolicitudes. O Verbo criador – fosse pai,
mãe, filho, espírito: tudo uma coisa só, distante demais do que a inteligência
humana criou para si.
Eu fico arrepiada só de pensar na Palavra – no Verbo, no poder que ela
tem, porque ela é a materialização de um desejo, de uma vontade, mas tão
profunda que podemos não ter consciência disso.
Fico imaginando Cristo falando dessas coisas e (quase) ninguém
compreendendo.
Eu também (ainda) não compreendo.
O Verbo que é o estado puro da Vida.
Quando penso nas estrelas, nos planetas, nas asas das borboletas, no som
dos uivos, na sensação do vento batendo no momento dos galopes... O Verbo
pensou em tudo – um pensamento que não era pensamento porque não era racional:
era o estado puro da Vontade.
Quem me pensou? Quem me imaginou? Eu também sou uma forma da expressão
da natureza; do Verbo.
O não pensamento, apenas a vontade despida lá dentro do nosso cerne, se
formando; uma palavra nascendo, uma ideia que nem se formou ainda em fonemas e
letras: eis a poesia magnífica e esplêndida; eis a poesia inalcançável – o
princípio de tudo.
Porque tentamos, caçamos, buscamos, procuramos a forma da poesia – mas
ela é o princípio de tudo, despida de conceitos e pré-conceitos, despida de
humanidade e compreensão. Ela é descoberta. Ela é criação.
Ah... seriam bem-aventurados os que usam a Bíblia como material de
opressão? De medo? De cultivação dos preconceitos? Dos que julgam aqui mesmo na
Terra aqueles que vão para o céu ou para o inferno?
A Bíblia deveria ser lida e relida. Escutada. Até mesmo discutida.
Estudada. E deveríamos escolher nossas frases preferidas, porque ela, acredito,
também quer que nos descubramos a nós mesmos; que falemos de coisas que não
compreendemos ainda; ela não é para ser usada para vender terrenos no céu nem
falsas promessas de libertação.
Ela fala de guerras do bem contra o mal – dualidade humana. Combates
humanos.
Ela fala de poesia – no princípio de tudo era tudo o que havia. O Verbo.
Nosso mundo começa na palavra – falada ou sentida.
Elayne Amorim
Imagens: Google
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