Poetizando a semana...
Para uma segunda-feira preguiçosa... Para os pensamentos mudarem de cor e forma... Para os sentimentos que se demoram tanto... Para poetizar todos os instantes da semana...
Parada cardíaca
Essa minha securaessa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.
Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.
Sem título
Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão
Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração
Sintonia para pressa e presságio
Escrevia no espaço.Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.
Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Não discuto
não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino
com o destino
o que pintar
eu assino
Os belos poemas que compartilhei com vocês, amigos e leitores, são do poeta brasileito Paulo Leminski. Ele é um dos grandes nomes expressivos no nosso Modernismo e ainda hoje exerce influência através de sua brilhante obra.
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura
um olhar que demora
de dentro do meu centro
este poema me olha
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura
um olhar que demora
de dentro do meu centro
este poema me olha
Paulo Leminski nasceu aos 24 de agosto de 1944 na cidade de Curitiba, Paraná.
Em 1964, já em São Paulo, SP, publica poemas na revista "Invenção", porta
voz da poesia concreta paulista. Casa-se, em 1968, com a poeta Alice Ruiz. Teve dois
filhos: Miguel Ângelo, falecido aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. De 1970 a 1989, em
Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor, tem suas canções gravadas
por Caetano Veloso e pelo conjunto "A Cor do Som". Publica, em 1975, o romance
experimental "Catatau". Traduziu, nesse período, obras de James Joyce, John
Lenom, Samuel Becktett, Alfred Jarry, entre outros, colaborando, também, com o suplemento
"Folhetim" do jornal "Folha de São Paulo" e com a revista
"Veja". No dia 07 de junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal. Paulo
Leminski foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia
de Bashô. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos
últimos 20 anos. Seu livro "Metamorfose" foi o ganhador do Prêmio Jabuti de
Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e
presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem
Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro.
Imagens: GooglePesquisas: http://www.releituras.com/
http://www.revistabula.com
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