PRISIONEIROS DO TEMPO
O Tempo. A cada
segundo, mais ou menos? Há tempo perdido? É possível recuperar tempo? Para tudo
há o seu tempo. Será que não realizamos algumas vontades, não visitamos algumas
pessoas, não descansamos dos nossos cansaços por falta de tempo? Dizem que a Terra,
literalmente, está girando mais rápido, que o dia não possui aquelas 24 horas
de tempos atrás... O Tempo. Não o vemos. Mas percebemos sua onipotente presença
em nossos rostos, em nossas mentes, em nossos sentimentos. E quando vemos, ele
já passou. Mas, e AGORA?
PRISIONEIROS
DO TEMPO
Somos
prisioneiros do tempo.
Quando
estamos no limite é que percebemos o quanto dele não aproveitamos.
Mas o Tempo,
ele nos ilude, ele deixa que vivamos sem nos alertar para o fato de que tudo
passa e assim, ilusioriamente felizes, somos prisioneiros a girar a roda com
nossos próprios pés.
Prendemo-nos
às nossas lembranças. Confundimos passado, presente e futuro: não sabemos muito
bem o que seja agora. Agora é a única
prisão exata: seja bom ou ruim, o tempo não combina com nossas vontades, com
nossa pressa ou nossa lentidão. Ele sempre está ao contrário das nossas
expectativas, porque não aprendemos o que seja viver na prisão do agora em que,
nossos atos falhos, muitas vezes condena nosso futuro.
E aí
costumam vir algumas tormentas como “se eu soubesse...”, “se eu pudesse
voltar...”. Até que compreendamos que nesta viagem estamos para aprender, damos
voltas e voltas em torno de nós mesmos, em torno dos mesmos erros enquanto o
tempo segue.
Somos
prisioneiros do agora e livres para escolher.
O futuro é
um leque de possibilidades e nele há muitas portas abertas e não adianta por
ele sofrer; talvez tudo já tenha acontecido, talvez tudo esteja prestes a acontecer,
mas a nós só nos cabe o agora.
O passado
imutável deve ser olhado pela perspectiva do agora, com toda sua gama de
arrependimentos e orgulhos, porém, que seja aprendizado, ou se permanecerá como
o camundongo a girar sem parar e sem chegar a lugar nenhum.
A horas na sala de espera de uma
médica renomada para que meu filho fosse atendido, refleti se haveria naquela situação alguma
semelhança com o meu casamento. Chegamos lá às duas. Meu garoto cheio de dor,
com uma infecção no pé direito. Foi difícil para ele chegar ao consultório
dela, acomodar-se no sofá e manter a sua paciência. Vimos o relógio dar três e,
sem humor, dar quatro. O filme todo da Sessão da Tarde foi assistido sem causar
emoção. Os ponteiros cravaram cinco. Vinte minutos depois, a deusa o chamou.
Partimos para dentro da “Terra Prometida” com a esperança de que seriam
anunciados dias melhores.
O que tem isso a ver com o meu
casamento? Pois bem. Acredito que nos dois casos, o tempo que avançava, do
mesmo modo que me causava inquietação, também me dominava. Antes do chamado da
médica, pensei em conclamar os esforços de meu filho e irmos a um outro colega
seu de profissão. Avaliei que certamente esperaríamos também. Pus-me, com a
minha rudeza controlada, no lugar dele. Imaginei que se fosse eu o paciente,
teria talvez me levantado e desistido daquilo. Nada disso! Estávamos tempo
demais ali. Perdemos horas. Não convinha jogá-las para trás. Precisávamos fazer
jus ao enfado dos ponteiros na erraticidade da tarde que passava para mim, para
ele e para a dúzia de pacientes que crivava os olhos na televisão do recinto
sem que a nossa atenção estivesse nela. Casamento não é de durar horas... O meu
permaneceu por vinte anos demovendo minhas atitudes de rompimento assim: “Puxa,
separação? Mas já completaram bodas de
dez!...” quando eram dez; “Está brincando? Não! Já estão juntos há
quinze anos!...” quando eram quinze e agora, como Ulisses que se prende ao
mastro de seu navio com cera nos ouvidos para não sucumbir aos cantos
desencaminhantes, são vinte e daí? Que fossem trinta, quarenta!... Que eu
estivesse em meus últimos dias!... Assim mesmo valia a pena respirar a liberdade
sem o nariz no casamento. Li ontem algo bonito assim: “a gente só envelhece
quando permite que os lamentos sejam mais numerosos que os sonhos”. Sou um
homem que não capitaliza lamentos por meditar em tempo. Sou dos sonhos.
Volto-me agora para a liberdade. A mesma que nos fez nascer e nos fará morrer
únicos. Por que sermos cópias de casais inseparáveis afinal?
O mundo se abre para qualquer ser
vivente. É fora de casa que descobrimos a diversidade de tudo. Temos mãos, pés,
coração e mente. Esticamos os braços para apanharmos o que queremos e andamos
para chegarmos lá. O coração é que nos conduz. A mente nos estabiliza. O tempo,
a batuta do maestro celestial, rege as nossas vidas. Assim, não é difícil crer
que alguns pacientes tinham prazer em estarem na sala sentados. Sei até que há
pessoas que inventam doenças. Eu fiquei com meu filho porque, além de desejar a
sua cura, ninguém gosta de perder. Havíamos perdido uma tarde. Não poderia ser
em vão.
Eu não necessito de cura. Não estou doente. Posso perder os anos em que estive atrelado à minha digníssima esposa. Aliás, esses anos nunca serão perdidos. Aprendi com ela muito do que sei. Parto agora para aprender o que não sei.
Eu não necessito de cura. Não estou doente. Posso perder os anos em que estive atrelado à minha digníssima esposa. Aliás, esses anos nunca serão perdidos. Aprendi com ela muito do que sei. Parto agora para aprender o que não sei.
E aos
meus filhos (eu tenho um outro cujo pé não está inchado), os quais num desatino
dela foram anunciados, aos gritos, como “minhas perdas”, eu digo: podemos tudo
o que quisermos, desde que penhoremos nosso coração. Para os homens bons, o
sentimento é a garantia de tudo nesta vida. Espalhamos amor da luz do
nascimento até o embaçamento do fim. Se formos contidos, impedidos ou ignorados
nessa trajetória, paciência! “O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o
mar”, como Drummond cantava. Assim, ensino os garotos a serem homens, com a
poesia necessária aos melhores homens.
O tempo, em meu entendimento, sem, é
claro, querer ofender Deus, é como um carcereiro bonachão, que desfila pelos
corredores na esperança de que seus detentos se rebelem e o desafiem, a fim de
que seja quebrada a rotina de sua passagem pelas reencarnações dos queixosos
mortais. Por isso, provoco-o agora.
LIBERTAS QUAE SERA TAMEN!
Márcio Fazenda
O
conhecimento não é um prisioneiro do tempo
A vida que temos, fomos
nós que construímos. O mundo em que vivemos também!
Fazemos parte de uma
transição. Estamos assistindo às colisões de consciências e sofrendo as dores
do parto de um novo mundo. Diante da gigantesca onda de ideias que se
confundem, se completam e se chocam, encontra-se o ser humano perdido por
ver-se rodeado de destroços de suas éticas, seus valores e com suas certezas
tão enfraquecidas que por vezes, rompem-se sem conseguirem ser substituídas a
tempo! E então, o ser humano sente-se vazio, porque ele precisa ser regido por
forças que independem de suas vontades!
Nossa condição humana
nos limita e não estamos prontos para a liberdade! A individualidade clama por
ela, mas a sociedade a abomina! O homem está cansado de travar essa briga, e
acaba entregando-se! Cede às regras que não lhes servem, e tentam fazer com que
elas se encaixem perfeitamente nessa alma desmedida!
Alguns, precisam
refugiar-se na loucura! Outros fabricam manuais! Mas poucos conseguem fazer um
guia para que possamos aprender a pensar, não como eles, mas como nós mesmos!
E é aí que encontra-se
o grande conflito do nosso tempo! Estamos abarrotados de memórias, teorias e
regras de pessoas que não existem mais! De olhos que já se fecharam e não sabem
como é o nosso mundo! Nosso dever é usar de suas ideias para fazermos de
trampolins para construirmos outras. A voz dos que já partiram, devem ser o
ponto de partida para que nós mesmos possamos gritar! Mas não nos cabe apenas
repassar o que o morto disse, nos cabe adequar o que já foi dito, para os
ouvidos que aqui nascem e que dividem espaço com quem ainda tem os olhos
abertos!
Isso é transcender a
condição humana! Porque somos finitos, mas o que pensamos não!
Nenhum pensamento serve
a todos os tempos! Eles precisam de reparos e ajustes para que o novo mundo
possa vesti-lo.
A cultura está em
movimento! As consciências estão em metamorfose!
É preciso reconhecer os
diamantes deixados ao longo da história, mas precisamos lapidá-los!
O conhecimento não é um
prisioneiro do tempo, é um viajante!!!
Pit Larah
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