As incertezas e como elas nos levam adiante.
É possível identificar, ao longo de nossa existência, a
beleza contida em certas sentenças, cuja velocidade da vida moderna imposta a
nós, impede que muitas vezes sequer percebamos. E essa beleza é algo sutil e
tremendamente especial, pois nos permite o vislumbre de caminhos e possibilidades
às vezes considerados inimagináveis. Immanuel Kant*, filósofo prussiano do
século XVIII disse: "Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela
quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar”.
Tratando-se a vida de um incessante aprendizado, e todo aprendizado requer um determinado emprego de inteligência, aquele que se mostra humilde em relação às suas dúvidas, ao
mesmo tempo em que se abre ao novo, aprende (e por conseguinte ensina) com muito mais
desprendimento, competência, alegria, amor. Educar é também educar-se. É aceitar
que sabemos muitas coisas sobre muitas coisas, mas alguém sabe mais coisas
sobre as coisas que sabemos, e outro alguém saberá mais coisas sobre as
coisas que esse outro alguém, e assim por diante.
Vivemos hoje em uma sociedade que assiste a
liquidez* de suas relações, de seus valores. Tudo passa extremamente rápido. E na
avalanche de informações que nos soterra diariamente, como buscar ar puro? Como
respirar nessa nuvem densa de milhares de afirmativas e paradoxos que nos
cerca?
Encarando nossas dúvidas com respeito. Compreendendo que só se apropria do saber quem está aberto a enfrentar as
incertezas. Quem pensa que sabe não se incomoda com questões inquietantes. Quem
pensa que sabe geralmente traz uma resposta pronta para tudo. Quem pensa que
sabe, caminha com o olhar firme no horizonte e não consegue ver que no próximo
passo, pode haver um abismo lhe esperando.
Sócrates*, o grande pensador grego do século V, em sua vasta
sabedoria e humildade, disse uma vez: “Só sei que nada sei”. Longe de nos
preconizar a ignorância ou a falsa modéstia, o “mais sábio dos atenienses”
queria mostrar que é preciso permanecer humilde na arte de aprender. É preciso
serenidade na busca das respostas. E paciência, em todos os sentidos.
Afinal, somos humanos. Demasiado humanos*. E as incertezas
não cessam enquanto vivermos.
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