sobre aprendizados
sobre aprendizados
Então que eu saiba ao menos
que até o vento tem cor.
É que o que eu busco
deve
estar tão oculto
a
quase esbarrar em mim.
Aí
eu procuro coisas que perdi pelo caminho
até
chegar a ser humano.
Todos
nós sabemos que se encontram perto
tudo
de que precisamos.
Que
as coisas vêm
Que
as pessoas vêm
talvez
apenas nos esqueçamos.
Os sabores
que eu não provei ainda
são da época
em que fagulhava
pelos vapores
do ar.
A minha
vontade de pedra
de repente
virou pensamento.
E racionar é
vago demais
quando se
nega o mistério.
Eu não disse (vezes antes)
que detestava a humanidade:
só
não quero que ela me afaste
dos
conhecimentos que trouxe.
Os
humanos costumam achar que sabem demais.
Então que eu
não esqueça ao menos
que o vento
tem cor.
E o som das
cigarras cantando são melodias
que me
transportam para outras realidades.
Que na
verdade existem muitos quandos e muitos ondes.
Que o que
vemos é só uma fração
de todas as
criaturas e criações que existem.
Os gaviões
têm mais para lentes aumentadas
que nossos
óculos.
Que há mais
gratidão do solo quente
para o céu
nublado que em nossas ações de agradecimentos.
Até os
cavalos pressentem nosso medo.
Os cães
sentem alguma coisa profunda a que nomeamos amor.
Xingar alguém
de ameba (cadela, cão, cavalo,
porco, mula)
nunca foi xingamento.
O pensamento só não pode ser
escutado
senão
causaria muita grande confusão
mas
sua frequência baixa se comunica
com
outras ondas de energia que não percebemos.
Eu já
reparei que o ser humano
precisa ser
muito lapidado
(água mole
em pedra dura
tempestade em
copo d’água
até com
ferro ser ferido)
para
conseguir aprendizado.
Aprendizado lá do tempo
em
que era só um átomo
simplesmente
pensamento
um
quântico inexato
nem
de ameba com formato
que
ele cisma em esquecer
pra
neste mundo perecer
vangloriando-se
de desgraças
esquecendo-se
de viver
esquecendo
que vai morrer
e
que nem húmus servirá.
Para outro
onde que ainda não se sabe
o que
levará?
Para este
quando que nos cabe
o que
deixará?
Se até o vento tem cor
e espalha sabores coloridos na frescura
do cheiro
que nos toca a manhã...
Elayne Amorim
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