Então não seriam tempos sombrios estes
Então não
seriam tempos sombrios estes
Em que o
medo apenas cede lugar à indiferença?
Sob sombras
coloridas caminhamos
Como antes
repetindo o de sempre
Negando o de
sempre
Temendo o de
sempre
Buscamos a
verdade, mas a negamos
Queremos sinceridade,
mas nos assustamos
Queremos sempre,
doamos pouco, julgamos muito
Então não
seriam tempos sombrios estes
Em que
aceitaríamos monstros à solta se fossem sobrenaturais
Entretanto,
combatidos, cabisbaixos
Cedemos lugar
às maiores monstruosidades
Como antes,
repetindo, negando
Temendo o de
sempre
Buscamos o
amor, mas não o sentimos
Queremos ser
amados, mas nos assustamos
Queremos mais,
damos em troca, esperamos muito
Então não seriam
tempos sombrios estes
Em que não
mergulhamos com profundidade na vida
Iludidos pela
rapidez, persuadidos pelo efêmero
Fingindo esperança,
procriando ganância
Em que tudo
é medido e possui ou não valor
E de menos a
vida, impalpável ao nosso redor
Buscamos mudança,
mas não a proporcionamos
Queremos gritar
muito, mas tapamos nossos ouvidos
Queremos palavras
bonitas, queremos só receber, acusamos muito
Como antes...
Repetindo o
de sempre
Negando o de
sempre
Temendo o de
sempre
Elayne Amorim
Uma crônica do nosso tempo só que feita em versos! Muito pertinente! Muito belo. Poesia singela e profunda, duas qualidades que raramente se encontram juntas. Parabéns
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